sábado, 30 de abril de 2016

Suicidas - Resenha

Título: Suicidas
Autora: Raphael Montes
Editora: Benvirá
Ano de Publicação: 2012
Páginas: 487
Gênero: Ficção; Suspense
Classificação: ✶✶✶✶✶


"Pois eu sou louco.
Estou aqui, disposto a morrer por isso. Por minha loucura. Por minha louca paixão pela escrita, pelo entretenimento que a literatura pode proporcionar. Estou aqui por você, leitor.
Espero sinceramente que você tenha se divertido bastante até o momento. É pena saber que este será o único livro meu que você poderá ler. Não escreverei outros. Ainda assim, espero que tenha cumprido meu objetivo.
Agora vou pegar a arma e atirar na minha cabeça.
Se eu não voltar, você já sabe...Este é o último capítulo".


"Suicidas" é o primeiro livro do escritor Raphael Montes. O carioca me conquistou com as palavras e graças à ele vejo a literatura nacional com outros olhos (vide meu relato emocionante na resenha de "O Vilarejo", do mesmo autor, rsrs).
Em sua obra primogênita, somos apresentados a uma história arrebatadora que já revela seu final nas primeiras páginas. Nove amigos são encontrados mortos em um porão após participarem de uma roleta-russa. Para quem não sabe, roleta-russa é um jogo inconsequente em que um revólver é carregado com uma bala e o tanque de armazenamento da munição é girado, ou seja, ninguém sabe em qual disparo o projétil sairá. As pessoas colocam a arma na cabeça e atiram em si mesmas. Se a bala sair, você morre, se não sair, você é um sobrevivente. Este tipo de brincadeira, infelizmente, é muito comum nos Estados Unidos, principalmente entre os adolescentes.
Um ano após a morte dos nove jovens, uma delegada reúne suas mães para tentar entender como esta fatalidade ocorreu. Nesta reunião, as mães são apresentadas ao relato escrito de um dos rapazes, Alessandro, que estava presente no jogo mortal. O mesmo descreveu, em detalhes, tudo o que ocorreu enquanto estavam presos no porão.
O livro é alternado em 3 atos: O diário de Alessandro que iniciou-se meses antes da roleta-russa até o dia anterior a tragédia; o relato escrito pelo jovem a partir do momento que os nove se encontraram até as últimas mortes da roleta-russa; a reunião das mães junto com a delegada para esclarecer o que se passou pela cabeça dos jovens enquanto estavam no porão.
Desde o princípio, notamos que a intenção do autor não é demonstrar o motivo que levou cada um dos presentes a tomarem a decisão de se suicidar. E Raphael Montes acertou em cheio nesse ponto. Muitas vezes, o que pode ser motivo suficiente para uma pessoa tirar sua própria vida, para outra pessoa pode ser uma razão banal, o que traria divergência nas opiniões de quem está lendo o livro. Montes não se aprofundará na razão do suicídio e sim no ato em si. Porém, cada um de nós conseguirá deduzir de acordo com o jeito e atitude dos personagens o que os levou a estarem ali.
O livro choca e nos deixa de boca aberta em determinadas cenas. Até que ponto o ser humano chega em um momento de desespero e quando se vê encurralado? Esse tipo de situação é retratada com maestria por Raphael Montes, não só nesse livro, mas em todas as suas obras. Mais um ponto pra ele!
Os personagens são incríveis e cheios de personalidade. Durante a leitura certamente você os amará e também os odiará. Suas atitudes e palavras são reais, são seres humanos como eu e como você. A inclusão de estereótipos que geralmente não são abordados em livros do gênero, como o garoto com síndrome de down, o gay não assumido e a obesa "vadia" tornam a leitura muito mais atraente e gostosa.
Sou suspeito em falar, pois sou completamente apaixonado pela escrita do Raphael, mas preciso ressaltar que terminei o livro em menos de 3 dias. Sabe aquela história que já começa fascinante e que você quer saber logo a verdade por trás de tudo? Se você gosta de leituras assim, então vai adorar "Suicidas".
E não posso deixar de falar do final surpreendente. Não é a toa que o livro foi indicado a diversos prêmios. A forma com que o autor encerrou a história é de arrepiar os pelos do dedão do pé ( Epa, mas peraí: Eu não tenho pelos no dedão do pé. Mas acredite, quando você ler o último capítulo, seus pelos imaginários vão se arrepiar). Particularmente, eu subestimei o Raphael e achei que ele ia deixar alguns pontos da história em aberto. Ilusão a minha. O livro foi encerrado com maestria e precisão.
Fiquei triste em saber que há uma adaptação teatral do livro em exibição no Brasil e que sua temporada em São Paulo foi encerrada em Fevereiro. Se eu soubesse antes tinha ido assistir. Deve ser incrível. Mas, para os leitores do blog que estão no Rio de Janeiro, corram! A obra fica em exibição até o final de abril. Falando em adaptação, acredito que um filme deste livro seria uma ótima sugestão. Globo Filmes, espero que vocês leiam esta resenha. Hahaha.
Queria muito falar mais sobre os personagens, mas não posso sem deixar algum spoiler. A dica que eu dou é que você, caro leitor, corra e garanta o seu exemplar deste livro. E prepare o seu estômago.
E você também deve correr para compartilhar nossa resenha. Curta, comente, se inscreva na página. Precisamos de sua ajuda para crescer e melhorar o trabalho que estamos fazendo. Obrigado a todos e até a próxima resenha.

Nenhum comentário:

Postar um comentário