segunda-feira, 9 de maio de 2016

Uma Vida no Escuro - Resenha

Título: Uma Vida no Escuro
Autora: Anna Lyndsey
Editora: Intrínseca
Ano de Publicação: 2015
Páginas: 246
Gênero: Drama / Biografia
Classificação: 


“E, por fim, há o pensamento que fica à espreita no fundo da lagoa, onde a lama e os refugos se assentam em camadas e a água é turva e viscosa. É um peixe enorme, preto, forte e robusto, com espinhas no dorso e fileiras de dentes afiados como navalhas. Pode ficar escondido por dias, imóvel em alguma coisa lodosa, sem dar qualquer sinal de sua pele verruguenta e sarapintada. Mas ele sempre reaparece, flutuando pelas camadas inferiores da minha alma. Seu nome, claro, é suícidio.”

Não sou um leitor muito difícil de agradar, até porque eu sempre tento entender o lado de quem escreveu a história. Diversas vezes já me deparei com situações em que não concordei com o final que o autor deu a uma trama, mas parei, pensei e vi que aquele era o desfecho necessário. 

Mas o livro que vou resenhar hoje, me deixou de pés e mãos atadas. A história de "Uma Vida no Escuro" tem uma proposta excelente e o livro tinha tudo para desandar. Mas não. A autora não soube aproveitar a mina de ouro que tinha em mãos e preferiu seguir o caminho seguro de contar sua biografia sem dar um toque dramático e deixar o livro mais interessante. Uma pena!

Anna é uma moça que leva uma vida como a de qualquer pessoa. Trabalha, tem um namorado que gosta dela e é feliz. Aos poucos, ela começa a perceber que sua pele tem alergia a luz de computadores. A moça afasta-se do seu trabalho para realizar um tratamento que ao invés de melhorar sua condição, ao contrário, a deixa pior. Aos poucos, a situação vai se agravando e a protagonista tem que se isolar em locais escuros para poder sobreviver. Até a luz do Sol faz mal para a pele da jovem.

 Sei que o livro trata da biografia de Anna e de como foi difícil para ela viver com essa doença tão pouco conhecida. Não pensem que sou um urubu a espreita de uma morte ou uma Sônia Abrão atrás da tragédia do próximo famoso, mas afirmo que faltou drama nesse livro. A doença é grave, a situação é alarmante, mas a autora não conseguiu passar esse desespero nas páginas do livro. Mais uma vez, acontece o inverso. A moça supera muito bem o fato de não poder conviver junto com a luz do Sol. Ela escuta aúdio-livros, faz joguinhos com as palavras, tem um namorado que aceita morar junto com ela e tudo caminha bem. Aliás, a calma e o amor de Pete, o namorado da protagonista, é algo difícil de encontrar. Em nenhum momento o rapaz se desespera, sente-se triste ou pensa em por um ponto final ao romance deles. Poderia continuar sendo uma história normal com um dia-a-dia um pouco diferente. Talvez, a intenção da autora tenha sido justamente essa: mostrar aos leitores que mesmo com uma doença grave, não há motivos para se abater. Você pode continuar vivendo sua vida normalmente. Tá, talvez essa tenha sido a intenção, mas também não convenceu. Afinal, se a protagonista superou tão bem assim o fato de ser doente e se isolar no escuro, não pensaria diversas vezes em suicídio durante o livro, certo? Sinceramente, não consegui entender qual a proposta da trama.

Vale lembrar que a obra é dividida em duas partes. A primeira parte nos mostra o passado de Anna e como lidou com a doença nos primeiros anos e a segunda parte irá nos contar as tentativas de recuperação e como foram os seus dias ao perceber que nunca mais teria uma vida normal. Dispensável. A autora tentou chamar a atenção para uma parte II, como se o livro fosse mudar drasticamente do que estava sendo apresentado na parte I. Pura ilusão. Essa "divisão de águas" poderia ter sido descartada, assim como diversos capítulos da história. O abecedário das técnicas de recuperação é horroroso. Explicando melhor, a protagonista utiliza as letras do alfabeto para descrever técnicas que foram sugeridas por diversas pessoas para vencer sua doença. Algumas são até interessantes, mas outras estão lá para encher linguiça. Quis arrancar meus cabelos com técnicas como:
N - Nozes - Na minha dieto, consumo muitas nozes - Palmas pra você, amiga, mas não poderia ser N de Nutella?
Y - Yawn (Bocejo) - Caramba que coisa mais tediosa ter de ficar pensando sobre a minha saúde.- É, Anna. É tedioso até você ler o seu próprio livro. Aí sim você vai ver o que é tédio de verdade.

O livro ainda conseguiu ganhar uma estrela na minha opinião, graças aos jogos que fomos apresentados no decorrer das páginas. Conhecemos 7 games que tem como peças as palavras. Alguns deles são realmente interessantes. Só não consigo entender como a Anna, anos depois de viver no escuro, ou seja, de não ler mais e de não ter mais contato com a escrita consegue lembrar-se com perfeição como se escreve até as palavras complicadas. Sou um ótimo leitor, leio sempre e mesmo assim, vira e mexe fico na dúvida de como se escreve determinada palavra. A protagonista, não. É uma verdadeira enciclopédia, sabe a grafia de tudo o que lhe é proposto e sempre ganha os jogos. Não me convenceu.

Enfim, o livro não fez o meu tipo. Talvez, tenha lido a história com expectativas demais e as mesmas não foram supridas. A história sem final também me deixou possesso. Claro que como é uma biografia de uma pessoa que ainda está viva, tinha a noção de que não teríamos um desfecho para a história, porém esperava que pelo menos uma moral ou uma lição fosse tirada de tudo isso. Mas, foi só uma esperança. Nem isso, o livro me deu.

E vocês, o que acharam desse livro? Concordam com minha opinião? Deixem seus comentários e não esqueçam de curtir nossa página no Facebook.



Até a próxima!

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