Resenha - Eu sou o Mensageiro

Título: Eu sou o Mensageiro

Autora: Markus Zusak

Editora: Intrinseca

Ano de Publicação: 2002

Páginas: 318

Gênero: Romance; Suspense

Classificação: ✶✶✶✶✶

Moro com um camarada. O nome dele é Porteiro. Tem 17 anos. (...) É uma mistura de rottweiler com pastor alemão e tem um futum que banho nenhum dá jeito. (...) A primeira coisa que as pessoas sentem quando chegam aqui é o fedor do cachorro, que se estende pela casa toda. Ninguém tem coragem de ficar muito tempo por perto, muito menos de entrar. Eu já até tentei incentivar o bicho a usar um desodorantezinho. Esfreguei uma boa quantidade no sovaco dele. Cheguei até a meter aromatizador de ambiente por todo seu corpo, só que o bicho acabou fedendo mais do que já fede. Ficou com cheiro de banheiro de boteco mal lavado, saca?

Só por esse trechinho do livro, já deu para perceber que risadas não faltam neste livro, não é mesmo? "Eu sou o Mensageiro" é um livro divertido que faz com que o leitor dê muitas risadas enquanto reflete sobre temas sérios. Fazer esse mix de comédia com suspense foi uma jogada arriscada do autor, diria até que meio kamikaze, mas que ao mesmo tempo deu muito certo. 

O livro conta a vida de Ed Kennedy, um jovem suburbano de 19 anos que a princípio não demonstra nada de especial. Ele é preguiçoso, medroso, transa mal (segundo ele mesmo) e não tem perspectiva nenhuma de vida. O jogo começa a virar quando Ed, logo nas primeiras páginas do livro, acaba impedindo um assalto à um banco (de maneira bem atrapalhada, diga-se de passagem) e com isso, ganha a fama de herói na cidade onde vive. Ed possui três amigos inseparáveis: o mão-de-vaca Marv, o folgado Ritchie e a apaixonante Audrey.

Além disso, Ed mora de aluguel com seu cachorro Porteiro. O cãozinho acaba nos proporcionando as cenas mais engraçadas do livro, graças a seu "diálogo" com Ed. O protagonista trabalha como taxista, além de ser o filho mais "rejeitado" por sua mãe. 

Até então, vocês devem estar se perguntando como um protagonista sem graça como esse conseguiu fazer esse livro ganhar 5 estrelas no nosso blog. Pois bem, Ed é um personagem que tem uma evolução incrível no decorrer da história. Após evitar o assalto ao banco, Ed começa a receber algumas cartas de baralho em sua caixa de correio. Cada carta vem com 3 missões que Ed deverá cumprir e descobrir a mensagem por trás delas. Caso Ed não cumpra as missões algo horrível poderá acontecer a ele. Quem será que está mandando estas cartas para Ed e por quê? Isso, caro leitor, você só descobre nas páginas finais do livro.

Algumas missões de Ed são surpreendentes e me deixaram de cabelo em pé. Não sei se teria a coragem dele em completar o que lhe foi proposto. Algumas missões são tão bobinhas que acredito que o autor só as colocou no livro para encher linguiça. Mesmo assim, elas não tiram a graça e o esplendor do livro.

O final do livro me deixou, a princípio, em dúvida. Ao virar a última página fiquei na dúvida se gostei ou não do tom surreal que o autor deu para explicar o envio das cartas. Porém, ao analisar melhor, percebi que não poderia ter sido melhor. Só esse final conseguiria justificar a onipresença do escritor das cartas e como ele conhecia tantas coisas a respeito de nosso protagonista trapalhão.

Essa é uma história que nos faz refletir e nos dá aquela vontade de evoluir. Muitas vezes, podemos sentir que não fazemos diferença no mundo, que nossas atitudes não tem influência alguma na vida das pessoas. O livro nos dá 3 tapas na caras e mostra que isso não é verdade. As vezes uma palavra de incentivo, uma visita inesperada ou até mesmo um presente simbólico podem mudar (e muito) o dia e a vida de uma pessoa. Será que não nos falta elogiar, sorrir e ajudar mais?

Para quem não conhece, o autor deste livro é o mesmo que escreveu o fantástico "A menina que roubava livros". Então, já dá pra imaginar o que espera você nas páginas desta obra, certo?

E só pra finalizar, é incrível como você não percebe as páginas desse livro passarem, ele te prende de tal forma que uma hora  eu estava na página 150 e quando dei por mim já estava quase na 230, isso sem perceber. Gente, esse livro deve ter algum pó hipnótico, não é possível. 

O único defeito desse livro é ainda não ter um filme. As produtoras cinematográficas precisam acordar urgentemente e fazer uma adaptação digna deste livro. Se bem que se for pra fazer um filme mal feito (como fizeram com o tão lindo "O doador de Memórias -  Tem resenha dele no blog, gente!) melhor não fazer.

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